Um choque. Um choque de realidade. Um grito em silêncio. Um
olhar de indiferença teu. Um toque meu que tu rejeitou. Coração acelera, mãos
tremem. Mai um olhar de indiferença teu. Um pedido desesperado meu que você me
retire dali. Uma frase seguida de um terrível olhar de indiferença teu.
Lágrimas rolam com soluços, aquele choro irreparável. O mundo começa a girar.
Sinto que não vou suportar. Sinto medo de encostar em ti e ser novamente
rejeitada. Me sinto nervosa e humilhada. Agora você me tira dali. Você me pede
calma. Estou nervosa. Preciso da droga. Preciso de uma dose de você. Você
continua com indiferença. Quero fugir. Você aperta minha mão e me segura.
Suplico que me deixe, peço pra ir pra casa entre um soluço e outro. Chegamos em
casa. Me acalmo aos poucos. Não quero perder o controle. Você começa a falar
sem parar. Não quero escutar. Minha mente repete interiormente “ fica calma,
vai passar”. Estou na cama. Você no chão. Você me manda ficar perto de ti.
Preciso falar agora. Consigo comentar o fato de ser surreal não te ter. Você
diz sentir um vazio. Sinto vontade de morrer. Estou surpreendentemente calma.
Quero que você me deixe. Você me pergunta o que devo fazer. Já não quero viver
sem você. Engulo tudo e digo que não sei. Você me abraça. Sinto teu cheiro.
Sinto tua pele. Mais lágrimas que seguro. Outra vez você não consegue me
deixar. Sinto meu coração apertando. Não foi dessa vez. Me sinto segura de
novo. Te sinto comigo. Não quero mais morrer. Você troca de camisa. Peço tua
camisa usada pra sentir teu cheiro e suor se misturar com o meu. Alívio.
Oxigênio. Mente calma. Meu corpo agradece. Meu coração bate normal. Te dou um
sorriso. Estamos bem outra vez. Estamos de volta. Passou.
Biatriz Saldanha